Data: 8 de abril de 2015, quarta-feira.
Local: auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto - USP.
Horário: 20h.
Entrada gratuita.
Brasil Matuto
A proposta de um grupo de câmara experimental chamado Brasil Matuto se verifica na própria abrangência de seu nome: se é da natureza da música brasileira sua vocação para a pluralidade estilística - tanto na música de concerto, chamada "erudita", quanto na música popular - é certo que os elementos "extremos" têm sido engolidos paulatinamente pela indústria da cultura, por um lado, e por outro, pela própria linguagem da canção da MPB clássica, sempre hegemônica.
Estes elementos extremos - a música regional de um lado e a música experimental de vanguarda do outro - se devem permanecer nas extremidades, não devem, certo estamos, ser lançados na periferia das manifestações musicais pelas propostas artísticas mais fáceis. Se o já saudoso Ariano Suassuna soube captar a essência do problema em sua proposta Armorial, é certo que logrou sucesso numa ponta da equação. Quiçá pôde haver mais fôlego para um certo tipo de música regional brasileira.
Na outra ponta, os festivais de música contemporânea e as faculdades de música nas Universidades públicas ainda mantêm vivíssima a tradição da música contemporânea de concerto, tanto em suas versões mais experimentais quanto nas linguagens musicais atreladas às mais antigas vanguardas. Se no meio disso tudo grupos como o Ânima e artistas como Elomar Figueira Melo sabem muito bem combinar o arcaísmo musical medieval-renascentista às mais profundas reminiscências regionais brasileiras, é certo que um pequeno fio que pudesse conectar os extremos mais longínquos ainda faltava. Não falta mais. É hora de trazer as tendências mais modernas da música de concerto contemporânea para o mato! Esse Brasil do mato, Matuto, pode vincular de forma criativa a beleza sonora da simplicidade regionalista à sofi sticação das texturas e ruídos modernos, onde a diversifi cação timbrística, meio étnica, meio "Darmstadt", pode fi nalmente soar bonita.
Num bonito de qualquer beleza perdida; quer seja nos instrumentos tradicionais de concerto, quer seja naqueles inventados por aqui, naquelas naturezas que são só brasileiras...
Cristina Emboaba: violão, piano e voz
Deva Mille: percuteria/timbreteria
José Gustavo Julião de Camargo: viola caipira
Ladson Bruno: violoncelo
Lucas Galon: chitarrino, violão, piano, voz e viola de cocho
Sara Cesca: rabeca, violino e voz
Interiores
Interiores é o primeiro recital da camerata. O espetáculo busca apresentar músicas dos diversos estilos brasileiros "regionalizadas", sempre num profícuo crossover com as sofisticadas manifestações da música de concerto. É a partir daí que se pode ouvir peças solos virtuosísticas para viola caipira e rabeca em síntese com a sofisticada sonoridade clássica do piano; ou o oposto: músicas do sofisticado repertório de Tom Jobim - já exaurido pelas leituras mais midiáticas - em versões camerísticas timbristicamente regionalizadas, "caipiramente" menos bossa e mais nova.
Todas as manifestações - populares urbanas ou mesmo de concerto - podem vir mato adentro, para nossos interiores, onde novas dimensões musicais surgirão da mais fecunda fusão de horizontes. É assim que não se distinguirão mais os interiores dos "eruditos" Camargo Guarnieri e Villa-Lobos dos regionais Zé Côco do Riachão e Pena Branca; dos anônimos do Jequitinhonha aos heterônimos musicais infi nitos de Milton Nascimento. Sem esquecer das obras autorais, onde a poliestilística matuta ganha os ares caprichosos da moderna composição brasileira.
Programa Roberto Corrêa
Anti-Viola
Gustavo Tavares & Nelson FariaChico Bororó no samba
Modinha anônimaMoreninha, se eu te pedisse
(Arranjo do Brasil Matuto sobre arranjo para Viola Caipira de João Paulo Amaral)
Beira Mar
(Arranjo do Brasil Matuto sobre arranjo para Viola Caipira de João Paulo Amaral)
A pergunta
Arrumação
Bailão do Pé Rachado
Tom JobimGarota de Ipanema*
Chega de Saudade
Pinguela da Fonte
Guerra-PeixeDe Viola e Rabeca (Mourão)
AnônimoCana Verde
(Arranjo do Brasil Matuto sobre arranjo para Viola Caipira de João Paulo Amaral)
Informações, ligar para (16) 3315-3136.